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Suely Caldas Schubert

A Mansão do Caminho já existia no mundo espiritual. Seus alicerces espirituais estavam solidamente estruturados e se erguiam altaneiros, e ali, o trabalho de atendimento aos espíritos necessitados era, portanto, uma , realidade abençoada. Toda uma programação de superior elevação, que contava com a essencial participação de Divaldo Franco e de Nilson Pereira, se delineava para que também no plano terreno a obra se consolidasse.

Assim, quando o médium baiano tem a visão de uma obra inteira, não é apenas, digamos, a maquete do que viria a ser, porém, a própria Mansão em pleno funcionamento na Espiritualidade Maior.

Vejamos  este importante momento.

No final do ano de 1948, Divaldo Franco voltava de trem do interior da Bahia, em companhia de Nilson de Souza Pereira, quando em meio ao percurso teve uma visão psíquica que, segundo ele, seria decisiva em sua atual existência. Narrando o fato, o médium baiano diz:

"O trem corria, eu olhava a paisagem e, simultaneamente, senti-me deslocado para uma área muito grande, toda arborizada, com uma série de construções e um grupo de crianças em torno de um homem de idade. Quando eu estava a menos de dois metros ele se voltou e eu me dei conta de que aquele homem era eu próprio, porém mais velho.

Chegamos a Salvador e segui para a sessão mediúnica habitual, quando Joanna de Ângelis, que ainda se identificava como um Espírito Amigo, perguntou-me se eu não gostaria de dedicar a minha vida a educar crianças socialmente órfãs, porque esta tarefa estava dentro do meu programa de evolução espiritual.

Foi assim que nasceu a Mansão do Caminho, recebendo este nome em homenagem aos cristãos primitivos, que fundaram a Casa do Caminho, pregadores das estradas, conhecidos como "homens do caminho".

No meu livro Dimensões espirituais do Centro Espírita, abordo essa questão da existência, no plano espiritual, de determinadas instituições destinadas à educação das almas, que, posteriormente, serviram de inspiração a pessoas abnegadas, para edificarem, no plano terreno, similares àquelas que conheceram e, não raras vezes nelas trabalharam, cumprindo, portanto um compromisso assumido antes de reencarnarem.

Como exemplo citamos a notável missão vivenciada por Eurípedes Barsanulfo.

“Elucida Manoel Philomeno de Miranda, em seu notável livro Tormentos da obsessão, que Eurípedes Barsanulfo quando fundou o Colégio Allan Kardec, em Sacramento (MG), o fez inspirado no modelo original existente no plano espiritual, que ele próprio o edificara antes da sua reencarnação (1880-1918), ocorrida na então pequena cidade mineira. (...)

Esse Instituto foi o modelo no qual Eurípedes  se inspirou para erguer o seu equivalente em Sacramento, no começo do século XX.”

Não seria de se admirar que Divaldo estivesse, até mesmo, recordando a Mansão do Caminho da esfera espiritual, à qual se dedicava antes de retornar ao cenário terreno. Creio que essa ideia é a que corresponde à realidade do labor admirável de Divaldo.

Fundada em 1952, a Mansão do Caminho funcionou nos primeiros tempos no bairro da  Calçada, em Salvador, à rua Barão de Cotegipe, 124, num prédio antigo, onde se localizava igualmente  o Centro Espírita Caminho da Redenção. Entretanto, a imperiosa necessidade de expandir o trabalho, motivou à compra de um terreno que atenderia ao que Divaldo idealizava. Certamente que a escolha do bairro Pau da Lima não foi por acaso, porém, expressou uma vontade superior que a tudo orienta.

 Diante do terreno, o médium baiano identificou, de imediato, a paisagem de sua visão psíquica, como se as futuras edificações ali já estivessem. Efetuada a compra não havia um minuto a perder.

Narra a amiga Maria Anita Rosas Batista, que Divaldo e Nilson, bem jovens, “pegaram em enxadas, calejando as mãos, realizando assim os trabalhos preparativos para abrir ruas, preparar hortas, no início dos labores na Mansão do Caminho.” (Divaldo Franco, o jovem que escolheu o amor)

Em 1956 vieram as primeiras crianças, meninos e meninas, os primeiros filhos do coração de Divaldo Franco. Entretanto, novos filhos foram chegando, hoje são mais de 600, que aumentam a grande família da Mansão com os netos e bisnetos.

Muitos foram os anos de sacrifícios, tudo estava por fazer. A gleba diante de Divaldo, Nilson e dos colaboradores da primeira hora era imensa, maior ainda o campo fértil dos corações infantis, aguardando a ensementação, que aos poucos foi sendo realizada: a educação integral que constrói e consolida o homem de bem.

Neste afã do cotidiano, neste constante esforço da transformação moral  que Espiritismo convida, todos estão sendo educados nessa nova consciência, não somente as crianças, mas igualmente os  adultos. O trabalho no Bem engrandece a alma e motiva a abertura de um novo tempo.

Hoje a Mansão do Caminho é referência internacional. Vive-se ali os padrões do evangelho do Cristo. Cada trabalhador, cada voluntário está cônscio da responsabilidade assumida, pois se é difícil levar adiante essa gigantesca obra, cujo custo de manutenção é elevado, maior ainda deve ser o esforço e empenho de mantê-la nos padrões espirituais de Joanna de Ângelis, a amorável e sábia mentora e de Divaldo Franco.

A Mansão do Caminho  inaugurou um novo tempo, o da regeneração da Humanidade, como exemplo de que é possível edificar uma obra onde o amor  esteja presente permeando a vivência de cada dia e preparando os cidadãos da Nova Era.

O “semeador de estrelas” lançou-as para que, no futuro, permaneçam como um verdadeiro luzeiro, iluminando o caminho que a Mansão sinalizou.