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Editorial Do jornal MUNDO ESPÍRITA Nº1589 DEZ. 2016

Jesus nasceu, conforme o Evangelho de Mateus (2:1), em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes. Herodes reinou de 37 a 4 a.C. Ignora-se a data fixa do Seu nascimento. Sabe-se que foi no reinado de Augusto, pelo ano 750 da fundação de Roma. Estima-se que tenha sido por volta do ano 5 ou 4 a.C.[1]

Dos historiadores contemporâneos, não mereceu anotação, com exceção de Josefo, que lhe dedicou poucas linhas, suficientes para o registro do fato para a posteridade. Para um exame histórico e entendimento da época e seus costumes, também se pode lançar mão dos Evangelhos e, em geral, os escritos do Novo Testamento; as composições a que se dá o nome Apócrifos do Antigo Testamento; as obras de Fílon; o Talmude.

Já nos tempos modernos, segundo Haim Hermann Cohn (1990), somente neste século foram escritos 60 mil livros sobre Jesus.

Segundo Ernest Renan[2] A Sua glória não consiste em estar retirado da História; presta-se-lhe mais verdadeiro culto mostrando que toda a História é incompreensível sem Ele.

O que importa é que Ele nasceu…

E Ele nos disse a Seu próprio respeito, para calar fundo em nossos corações:

Eu sou a água viva…(Jo. 4:10)

Eu sou o pão da vida…(Jo. 6:35)

Eu sou a luz …(Jo. 12:46)

Eu sou a porta…(Jo. 10:9)

Eu sou o bom pastor…(Jo. 10:11)

Eu sou a ressurreição e a vida…(Jo. 11:25)

Eu sou a videira…(Jo. 15:5)

Eu sou o caminho, e a verdade e a vida…(Jo. 14:6)

E nos fez o Celeste convite: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. (Mt. 11:28)

E nos conclamou a confiar nEle: Eu e o Pai somos um. (Jo. 10:30)

Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele. (Jo. 10:37 e 38)

E nos legou os grandes mandamentos, resumindo a Lei e os Profetas, para nortear nossa conduta: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Mt. 22:37 a 39)

E nos disse a que veio a este mundo: Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. (Jo. 10:10)

Nada nos impôs: E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. (Jo. 12:47)

E nos deixou o exercício do livre-arbítrio: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. (Lc. 9:23)

E, ainda em Seu tempo, Ele foi reconhecido por aqueles que O compreenderam e O aceitaram: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt. 16:15 e 16)

Sim, Ele nasceu.

Ainda segundo Ernest Renan3: (…) é um fato que se deu nos reinados de Augusto e de Tibério. Foi nessa época que viveu uma pessoa incomum que, por sua iniciativa ousada e pelo amor que soube inspirar, criou as bases e marcou o início da futura fé da humanidade.

É Natal!

Aproveitemos para oportuna reflexão.

Terá Ele lugar em nossos corações para nascer e reflorir nosso mundo íntimo, também demarcando a nossa história pessoal para Antes dEle e Depois dEle?

Somos cristãos? Com Cristo ou sem Cristo nos pensamentos e atos?

Irmão X (Humberto de Campos), Espírito4, bem ilustra os valores propostos por Jesus para a Humanidade e os valores dominantes entre os humanos, que alicerçam os conflitos entre dois senhores – Deus e Mamon:

Quem sabe, Senhor, poderias voltar, consolidando a tua glória, como fizeste há quase vinte séculos?! Entretanto, não nos atrevemos ao convite direto. As estalagens do mundo estão ainda repletas de gente negociando bens transitórios e melhorando o inventário das posses exteriores. Os governos estão empenhados em orçamentos e tributos. Os crentes pousam olhos apressados em teu Evangelho de Redenção e repetem fórmulas verbais, como os judeus de outro tempo, que mastigavam a Lei sem digeri-la. Quase certo que não encontrarias lugar, entre as criaturas. E não desejamos que regresses, de novo, para nascer num estábulo, trabalhar à beira das águas, ministrar a revelação em casas e barcas de empréstimo e morrer flagelado na cruz. Trabalharemos para que a tua glória brilhe entre os homens, para que a tua luz se faça nas consciências, porque, em verdade, Senhor, que adiantaria o teu retorno se a estatística das coisas santas não oferece a menor garantia de vitória próxima? Como insistir pela tua volta pessoal e direta se na esfera dos homens ainda não existe lugar onde possas nascer, trabalhar e morrer? Seja este o nosso verdadeiro Natal! Deixemos que Ele chegue de mansinho e se assenhoreie de nossos corações, de nossas vidas, de modo incontinente.

E nossos ouvidos ouvirão na acústica do silêncio íntimo, o mesmo cântico da Sublime Noite: Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama!

Ele nasceu!

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[1] A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: PAULINAS. Nota de rodapé n.

[2] RENAN, Ernest. Vida de Jesus. 13. ed. São Paulo: MARTIN CLARET. Introdução.

3_______. Op. cit. cap. 1.

4.XAVIER, Francisco Cândido. Antologia mediúnica do Natal. Por diversos Espíritos. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982. cap. 9.