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Na sala de aula, a professora pediu aos alunos que fizessem uma redação, e que nela expressassem, de alguma forma, o que gostariam que Deus fizesse por eles.

Já em casa, quando corrigia os textos dos alunos, deparou-se com uma que a deixou deveras emocionada.

Um choro sentido irrompeu sem que ela pudesse controlar.

Deixou tudo o que estava fazendo, sentou-se numa poltrona, ainda com a redação nas mãos, e ficou ali, pensativa, entre lágrimas.

O marido percebeu que alguma coisa estava errada, e entrou no escritório onde ela estava:

O que aconteceu, querida?

Ela, sem conseguir falar direito, passou a ele a redação e disse:

Lê... A redação é de um aluno meu.

O marido segurou a folha de papel e começou a ler:

Senhor, nesta noite, peço-te algo especial: transforma-me numa televisão.

Quero ocupar o espaço dela. Viver como a televisão da minha casa vive. Ter um espaço especial para mim e reunir a família ao meu redor.

Quero ser levado a sério quando falar. Ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções e perguntas.

Senhor, quero receber a mesma atenção que ela quando não funciona, quando está com algum problema.

Ter a companhia de meu pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado. Que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, ao invés de me ignorar. E ainda, que meus irmãos briguem para poderem estar comigo.

Quero sentir que minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para estar comigo. Por fim, que eu possa divertir a todos.

Senhor, não te peço muito. Só te peço que me deixes viver intensamente como qualquer televisão vive!

Quando o marido terminou a leitura, estava incomodado.

Meu Deus, coitado desse menino! Que pais ele tem! – Disse ele, virando-se para a esposa.

A professora olhou bem nos olhos do marido e depois baixou-os, dizendo num sussurro: Esta redação é do nosso filho...

* * *

Há tantas coisas que o mundo moderno nos oferece! Tantas opções para tudo, que ainda parecemos deslumbrados com esta realidade, como crianças ao adentrar numa imensa loja de brinquedos.

São tantas informações disponíveis, tantas distrações, tanto entretenimento ao nosso dispor...

Mas será que não estamos deixando de lado o mais importante? Será que sabemos o que é mais importante, o que procurar na vida?

Mediante esta constatação, será que a família não está sendo deixada em segundo plano?

Será que os relacionamentos não estão sendo vividos numa certa superficialidade confortável?

É tempo de pensar em tudo isso.

Não troquemos a brincadeira com um filho por um jornal televisivo. Não troquemos momentos de conversa amiga com os familiares por um capítulo de novela.

Aquele reality show não é mais importante do que o telefonema ao amigo, perguntando se está bem.

A vida em família é o grande alicerce da felicidade de todos nós. O resto é acessório. O resto... é resto.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada.

Em 16.12.2016.